Por João Paulo Medina
O que é o futebol? Um jogo pautado por 17 regras? Uma prática lúdica que envolve alguns fundamentos como chute, passes, desarme e dribles? Uma atividade competitiva que exige técnica, mas também força, velocidade e resistência? Um esporte que requer estratégia e inteligência coletiva? Ou, enfim, um espetáculo admirado por milhões e milhões de pessoas no mundo todo?
Na verdade, o futebol é tudo isso e muito mais. Afinal como manifestação da nossa imaginação e criatividade, esta modalidade esportiva envolve toda a complexidade que caracteriza a existência humana. É, portanto, ciência e arte ao mesmo tempo.
Assim é que para decifrá-lo não basta conhecer profundamente princípios de biomecânica, fisiologia, lógica, estatística, técnica ou tática. Se tem alguma coisa que o futebol não é, é ser uma ciência exata, embora muitos ainda insistam em tratá-lo assim, principalmente os cartesianos de plantão.
Para entendê-lo precisamos recorrer também aos conhecimentos que nos chegam através das ciências humanas e sociais, tais como a psicologia, a sociologia, a filosofia e a história.
Mas tudo isso também não basta. O futebol é, entre tantas outras coisas, arte. Dentro de todas as representações destinadas ao público (artes cênicas) podemos incluir o teatro, a dança, o circo, a música e, indiscutivelmente o esporte, entendido aqui como uma destacada manifestação da cultura humana. E a arte, não podemos nos esquecer, muitas vezes, tem mais a ver com o que é bonito ou estético do que com o que é prático e objetivo. Neste sentido há uma dose de conflito entre a arte e a ciência que cria certa tensão quando se busca resultados no futebol.
É dentro deste contexto que procuro entender o esporte de alto rendimento, particularmente o futebol profissional.
Tenho buscado ao longo de minha carreira de quase 40 anos trabalhando em clubes de futebol no Brasil e no exterior, uma síntese daquilo que poderíamos chamar de “pilares para se alcançar o alto rendimento” nesta mágica modalidade esportiva. Na busca desta síntese tenho me deparado, como toda experiência de vida, com sucessos e, de vez em quando, fracassos. Infelizmente a velocidade dos avanços da ciência e tecnologia não é a mesma em termos de avanços na cultura, educação e valores humanos.
Mas nesta caminhada algo tem se tornado cada vez mais claro: para se obter sucesso sustentável (sucesso aqui entendido como a capacidade de se montar equipes altamente competitivas e que não se limitam apenas às conquistas episódicas ou esporádicas) um clube deve estar apoiado em dois aspectos fundamentais ou pilares: infraestrutura e inteligência de jogo. O primeiro funcionando como pano de fundo do espetáculo que se desenvolve, com todas as suas variáveis, dentro de campo.
Evidentemente tudo deve começar com muita sinergia entre as dimensões políticas, administrativas e técnicas do clube. Dirigentes, funcionários, comissões técnicas e atletas, em um primeiro plano, devem estar focados e afinados em relação às metas a serem atingidas.
Nesta perspectiva a infraestrutura compreende as “condições externas” do trabalho, tais como estádio e centro de treinamento adequados, equipamentos modernos e funcionais, gestão profissional, especialistas de diferentes áreas (técnico-tática, fisiológica, nutricional, médica, psicossocial etc.) capazes de trabalhar de forma integrada (interdisciplinar), entre outros fatores.
Já a inteligência de jogo é a expressão final das “condições internas” do trabalho. Ela envolve qualidades técnicas, liderança, capacitação, educação, controle/inteligência emocional, coesão de grupo e, sobretudo, capacidade da equipe para resolver problemas nas diferentes, imprevisíveis e complexas situações e circunstâncias durante uma partida, um torneio ou um campeonato.
Neste binômio, parece-me, estão concentrados os mais importantes desafios para que um clube de futebol se torne grande e, de fato, forte. Penso que é nesta direção que deve ser investido todos os esforços.
Sabemos que a vitória jamais será garantida; aliás, paradoxalmente muitas vezes quanto mais se acredita nisso, mais riscos se corre. E está aí um dos maiores ingredientes do encantamento que este esporte causa nas pessoas. Mas com toda a certeza, a média dos resultados positivos será consequência de como se lida com estes dois conjuntos de fatores.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
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3 comentários:
De tudo que já li como definição do futebol e passos para conquistar vitórias nesse esporte, essa foi a melhor. Sem dúvida o João Paulo Medina, que vai abrir um curso aqui em Natal sobre Marketing Desportivo, é um profundo estudioso e entende do assunto.
Parabéns por colocar no blog essa opinião.
Abraços
Paulo Trigueiro
twitter.com/pectrigueiro
Amigo, é o seguinte. No ABC os funcionários estão com os salários atrasados já tem dois meses (ainda não viram a cor do R$ em 2010). Comenta-se, nem na época de Judas Tadeu se atrasava tanto… Imagine um pai de família numa situação dessas, dois meses sem receber salários, fora a angústia de uma possível demissão.
É por isso que venho aqui neste blog, de grande repercussão na cidade de Natal, te informar a respeito e ao mesmo tempo pedir a divulgação da notícia (a confirmação não é difícil).
Ora, uma diretoria que se preza tão moderna, sobretudo na pessoa do atual Presidente, Rubens Guilherme, muito bem conceituado por todos, não pode cair no erro de não cumprir seus compromissos com aqueles que labutam diariamente no ABC Futebol Clube.
Pela valorização dos funcionários do ABC, trabalhadores, como eu, como você, peço a sua colaboração, qual seja, divulgar a notícia para, quem sabe, em havendo repercussão, provocar uma sensibilidade e consequente ação por parte dos dirigentes alvinegros.
Muito obrigado.
Torcedor do ABC FC anônimo.
PS: a folha do quadro de funcionários do ABC, segundo alguns, não passa dos 30 mil.
Olá Anônimo!
Vi nos blogs de Pedro Neto e Marcos Lopes depoimentos da diretoria do clube informadno que o salário de janeiro está atrasado.
Realmente é uma lástima, mas pelo eu li isso deve ser resolvido o mais rápido possível.
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