Gestão esportiva: Como administrar um clube de futebol - Parte 2

A segunda parte do trabalho Gestão Esportiva foca 3 macro-receitas que fundamentam o crescimento de um clube de futebol dentro da sociedade brasileira nos dias atuais: sua Marca, seu Estádio e a Mídia. Leiam o texto e percebam como essas três peças são impressionantemente fáceis de serem administradas em um clube como o ABC.
Vamos então ao capítulo:

Sua Marca, seu Estádio e a Mídia

Os clubes de futebol no Brasil devem fundamentar suas estratégias de marketing nas três macro-receitas de qualquer entidade desportiva: sua Marca, seu Estádio e a Mídia. A exploração comercial de sua marca é uma receita muito importante para clubes de futebol, visto que a marca da entidade é o elo entre seus milhões de torcedores e seus patrocinadores. Assim, os clubes devem desenvolver projetos estratégicos com seus patrocinadores e parceiros comerciais, visando além da ampliação da visibilidade das marcas das empresas interessadas na cobertura de mídia da entidade, também um retorno comercial efetivo, além é claro de grandes oportunidades de relacionamento. Onde está a torcida? Como cativá-la ainda mais? Em clubes com visibilidade pequena nacionalmente falando, como é o caso do ABC, devemos buscar a torcida no interior do estado? Sócio-torcedor, como fazer? Essas perguntas terão suas respostas dentro de um projeto sério de massificação da marca do clube por onde for necessário.

A segunda macro-receita em clubes de futebol importantíssima é seu estádio, epicentro do seu negócio, visto que seus jogos e todo o caráter experiencial atrelado a sua marca devem estar alinhados com os jogos em casa do clube.
O ideal é que cada clube desenvolva diversos projetos de marketing esportivo para que possam ter sempre jogos com um alto índice de ocupação e assim ampliar suas receitas diretamente com ingressos e carnês antecipados e também com outras receitas em dias de jogos como venda de comida e bebida (catering), venda de produtos e serviços, camarotes corporativos (hospitality) e serviços que possibilitem gerar receitas com o estádio durante o ano como visitas guiadas, shopping, museus, lojas, centros de entretenimento, etc. No caso do Frasqueirão, tirando os dias de jogos, vou citar exemplo de como ele tem tudo para ser um estádio rentável: primeiro que o estádio está instalado em uma via de grande fluxo de turistas; segundo pq Natal vislumbra uma Copa do Mundo ai pertinho, se avizinhando, e o estádio pode participar ativamente como parte do treinamento de seleções visitantes. Pq não convidar Seleções, mesmo que seja uma sub-20 da Itália, ou da Alemanha, ou mesmo da Espanha, onde seus habitantes já vêm usufruir do turismo existente em Natal? Lembrem-se que os europeus que visitam Natal são completamente apaixonados pelo futebol. Pq não fazer projetos de visitas juntos às escolas públicas e particulares da cidade? Pq não entrar em contato com a Emproturn para incluir o Frasqueirão como parte de uma visita turística guiada? Idéias não faltam.

Finalmente a terceira macro-receita em clubes de futebol é a mídia que no Brasil permanece muito restrita a negociação das cotas de TV, mas que engloba as mídias alternativas como Internet e telefonia móvel, além de outros conteúdos como DVD, revistas segmentadas, games, etc. As principais saídas para que haja um verdadeiro desenvolvimento na Indústria de consumo de clubes de futebol no Brasil são os clubes conseguirem criar projetos de marketing / comunicação que possibilitem gerar novos recursos a fim de que assegurem a permanência de seus jovens talentos por mais tempo. A idéia central é gerar receitas com seu negócio principal, a exibição do futebol e sua marca através da inclusão do torcedor no centro de sua gestão, que nada mais é que a conversão dos milhões de torcedores em consumidores ativos e motivados. Além disso, trabalhar seu estádio e seus jogos com o conceito de matchday revenue, maximizando todas as receitas possíveis dos jogos com seu mando, além de receitas alternativas em dias que não há partidas e principalmente reformular seu estádio para que se torne uma verdadeira Unidade de Entretenimento. Finalmente alinhar seu departamento de marketing e sua marca com o marketing de seus patrocinadores e parceiros, trabalhando o conceito de Co-Marketing, muito praticado em clubes europeus e criar novos projetos de Mídia atrelados às novas tecnologias e buscar fontes alternativas de receitas com a empresa detentora dos direitos de transmissão das partidas em TV aberta e fechada.

Com estas mudanças propostas os negócios dos clubes brasileiros, por menores que estes sejam, desenvolver-se-ão a um ritmo muito acelerado, possibilitando que o mercado brasileiro torne-se um verdadeiro mercado consumidor de futebol e deixe ser apenas uma plataforma de exportação de jovens craques.