Olha!
Vou tocar num assunto muito delicado: o treinador do ABC Futebol Clube.
Ser treinador de futebol, ainda mais aqui no Brasil, é algo ingrato. Rentável para quem é bom, mas ingrato.
Mas ser treinador do ABC (claro que tem tá falando sou eu, um tremendo perna-de-pau) não é mais difícil do que ser técnico do américa (que caiu ontem mesmo com um empate fora e uma vitória dentro de casa), Alecrim, de qualquer time do interior do RN, de clubes da Paraíba, ou mesmo da grande maioria dos clubes do Nordeste.
Porque eu falo isso?
Primeiro vamos pegar alguns dos atributos de um bom treinador de futebol:
- Experiência, disciplina, equilíbrio emocional;
- Capacidade de observação do conjunto;
- Conhecimentos técnicos e táticos;
- Liderança e facilidade de comunicação;
- Motivação e persuasão;
Isso é o básico.
Será que o nosso atual treinador possui pelo menos 3 dessas linhas citadas?
Do outro lado do treinador temos o clube de futebol, que é o seu empregador, que é a sua segunda casa.
O que um clube como o ABC tem a oferecer para um bom trabalho do técnico?
1- Estrutura de treinamento: O ABC possui um estádio próprio; dois belos CT (base e profissional); sede social e concentração.
2- Elenco e disponibilidade para boas contratações: O ABC possui em 2010 um grande ataque, um dos melhores do Brasil. Um meio de campo criativo, e agora volantes e defensores que são de nível de série B.
3- Torcida grande e apaixonada.
4- Patrocínios, marketing, e nova diretoria disposta a fazer de tudo para o ABC pelo menos voltar à série B.
Com esses 4 requisitos, qualquer treinador - repito aqui: QUALQUER TREINADOR - pode ser campeão estadual no Rio Grande do Norte. Nosso atual treinador se encaixa aqui. Ele foi campeão com o ABC. Foi seu primeiro título. Foi uma primeira nota AZUL dentro de uma caderneta escolar onde só existiam notas baixas (rebaixamentos, desclassificações). Por isso o ABC é fácil!
Eu já venho falando isso há tempos; põe tempos aqui...
Vou transcrever um trecho de um artigo escrito por Rodrigo Leitão, do site Universidade do Futebol:
Não vou entrar em muitos detalhes, mas existem no jogo de futebol “forças” (não, não é nada sobrenatural! – são forças inerentes ao jogo, presentes em suas dinâmicas) que levam jogadores e equipes a configurar a ocupação dos espaços e as suas movimentações, de acordo com cada circunstância e problema emergentes nele (no jogo).
São essas forças que, mesmo sem treinamentos adequados, ou boas estruturas táticas, somadas à compreensão que o jogador tem do jogo, fazem com que equipes de futebol ainda sim apresentem aparente organização.
Elas, mais a inteligência de jogo dos jogadores e equipe, é que garantem o emprego de muitos treinadores Brasil afora.
Dia desses, por exemplo, assistindo a um jogo de futebol profissional conjuntamente com uma equipe especializada em análises de jogo, pude observar a glória de um treinador, mesmo com a manifestação real de sua incompetência.
Ao fim do primeiro tempo de jogo, o grupo que o analisava concluiu que certas regras de ação precisavam ser intensificadas por uma das equipes para aproveitar melhor as fragilidades do jogo da sua adversária no segundo tempo. Quase todas as sugestões giraram em torno de deixar o jogo mais rápido, vertical, com constante progressão ao campo de ataque, sem a preocupação com a circulação horizontal da bola.
Antes de começar o segundo tempo, tivemos acesso às instruções do treinador no vestiário, que dentre outras pérolas proclamou: “vamos ficar com a bola, temos que valorizar a posse dela, gastar o tempo e fazer o adversário cansar”.
Por incrível que pareça, totalmente o contrário do que havíamos concluído!
Mas as “forças” do jogo são realmente muito “fortes”! O que o jogo pedia era diferente do que o treinador queria.
Depois do seu reinício, cinco minutos de certa confusão. Claro, o jogo pedia um coisa, o treinador outra. Pobre treinador, sem aparente ascendência sobre seu grupo, foi vencido pelo jogo, e ficou se “esgoelando” na beira do gramado tentando fazer com que seus jogadores executassem aquilo que ele havia pedido no vestiário.
E os jogadores? Nada de jogo de posse de bola, com passes horizontais. Foi progressão ao alvo. Rápida e constante!
E sabem o que aconteceu? O óbvio. A equipe fez o que tinha que ser feito (o que infelizmente, não era o que queria o treinador; “sorte” dele), e goleou sua adversária.
No final, o básico: “glórias ao treinador”.
Por essas e por outras, concordo com alguns formadores de opinião da crônica esportiva futebolística: tem treinador que mais atrapalha do que ajuda...
É um belo texto.
O título chama-se esse mesmo da última frase: "Tem treinador que mais atrapalha do que ajuda", e reflete o que se passa hoje no Mais Querido.
Há tempos eu escrevo sobre essa fragilidade no comando técnico ABCdista. Vou lembrar aqui alguns posts que fiz:
"Torcer pra tudo dar certo"
"ABC estréia com goleada"
"Obrigado Didi Duarte"
"Fez, mas levou"
"Titular só nos clássicos"
"Jogar ruim e vencer?"
"Incompetência ABCdista"
"Mais uma vez..."
Ser treinador de futebol não é algo fácil, nem simples. Administrar egos (de jogadores e dirigentes), ajustar o pensamento da sua comissão técnica, tratar com a imprensa, conhecer de táticas de jogo, planejar estratégias, ganhar, perder jogos, confrontar consigo a cada fracasso as próprias verdades...
Para o seu sucesso, o que antes era o diferencial passou a ser o trivial.
O fato é que o ABC de hoje é mais fácil do que se pensa.
Basta o trivial.
Só é fazer o que tem que ser feito.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
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Um comentário:
Você tem razão Alexandre, com o elenco que o Treinador do ABC FC tem a disposição é só fazer o "trivial". Ora se o nosso Time esta bem na partida vai prá cima deles, sem medo de ser feliz.
Saudações Alvinegras!
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