terça-feira, 28 de maio de 2013

Mino Carta e Victor Civita, os criadores da Revista Veja


Esse é o primeiro exemplar da Revista Veja (e leia). A data era 11 de setembro de 1968.

A Editora Abril tinha pouquíssima coisa antes da Veja. Quase nada, pra falar a verdade. Ela era sustentada pelas foto-novelas ( Capricho , Você , Ilusão , Noturno ), e pelo Pato Donald, com quem a família Civita iniciava seus negócios editoriais no Brasil, comprando os direitos de publicação.
Roberto Civita morava nos EUA, estudando, e o pai aqui, tomando conta de tudo da Abril.
Roberto voltou entusiasmado para criar uma revista semanal ilustrada, criando então a Revista Realidade!

Realidade era uma "quase" Veja. Morreu duas vezes. Uma em 68 quando a Veja foi lançada, e definitivamente em 1978, quando saiu de circulação.

Ainda no fim da década de 1950, Victor Civita, já convencido de que o projeto semanal que o filho começara valeria a mobilização de esforços humanos e capitais, viaja a Roma para propor a Mino Carta outro italiano do ramo jornalístico que este retorne ao Brasil para dirigir, em um primeiro momento, a revista automobilística Quatro Rodas e, mais tarde, “uma revista chamada Veja , um semanário ilustrado semelhante à Look americana, ou à Life , ou à Oggi italiana.

O projeto inicial cogitado para a nova publicação pretendia ser uma revista capaz de concorrer com a antiga Manchete , portanto ser uma revista semanal ilustrada. O próprio título já pressupunha uma revista ligada às imagens. Mino aponta uma explicação para o fracasso inicial (Veja foi pouco vendida inicialmente) foi justamente o fato de que "a campanha publicitária preparou o público para uma revista do tipo Manchete, do gênero revista ilustrada, no padrão Life".

A consolidação da revista junto ao mercado consumidor levou alguns anos para acontecer e “talvez não poderia ter sobrevivido se não tivesse por trás, a sustentá-la, um grupo econômico poderoso, como a Abril. Só em 1973 a revista começou a "se pagar", dar lucro verdadeiramente.

Claro que a decadência da revista vem com o advento da internet (como toda revista e jornal físico está sujeito hoje em dia), mas também com indícios de matérias pagas, ligações com crime organizado, e decadência na qualidade jornalística (vide operação Monte Carlo da PF).

A conformação final da revista foi dada nos anos 80 pela dupla José Roberto Guzzo e Élio Gáspari, um misto de senso comum com matérias brilhantes, tendo como foco uma classe média não muito sofisticada. Com a saída de ambos, nos anos 90 houve uma sucessão de diretores seguindo um padrão: os que entravam eram jornalisticamente inferiores aos que eram substituídos.

Em abril de 2012, a revista Carta Capital, do mesmo Mino Carta que saiu da Veja ainda nos anos 90, publicou matéria, baseada em informações da Polícia Federal, afirmando que Policarpo Júnior, diretor da sucursal de Veja em Brasília, manteve mais de 200 ligações telefônicas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, então preso sob a acusação de envolvimento com o crime organizado.

Em um dos grampos captados pela Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira, em conversa com o araponga Jairo Martins, responsável por filmar um pagamento de propina que culminou no escândalo do mensalão, afirma ter repassado à revista Veja todos "os grandes furos do Policarpo". Segundo Carta Capital, "a relação, se exposta em toda sua extensão, poderá trazer à tona não somente os métodos pouco jornalísticos usados pela semanal da Abril para fazer reportagens a partir de um esquema clandestino de arapongagem, mas a participação da revista na construção do escândalo do mensalão."

Esta é a revista Veja!

Texto montado com informações das fontes:
http://www.renatodelmanto.com.br/casper/Surgimento-de-Veja.pdf 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Veja
https://sites.google.com/site/luisnassif02/amudan%C3%A7adecomando

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