A decadência da imprensa esportiva potiguar

Bairrismo, torcida declarada a times, e falta de jornalismo esportivo puro e moderno, é a tônica da atual imprensa esportiva potiguar, em sua maioria.
Vocês estão esperando que o segundo parágrafo seja algo do tipo "Sou do tempo em que Natal tinha profissionais da imprensa que prendiam o ouvido do torcedor no 'radinho' de pilha". Quase escrevi isso. Mas essa verdade - pq isso também é verdade - é passado. O jornalismo, como todas as área de conhecimento que existem, também evolui.
Pra quem tem o privilégio de ter uma TV por assinatura, pode acompanhar os comentários lúcidos, modernos e precisos de Alex Escobar do SporTV, ou de PVC - Paulo Vinícius Coelho da ESPN. São novos jornalistas, e que evoluiram com o futebol e com a imprensa. Entretanto não são apenas os novos que conseguem fazer isso. José Trajano, Armando Nogueira e Juca Kfouri são "medalhões" que acompanharam a evolução no marketing, na imprensa e no futebol.
Os setoristas - profissionais que cobrem um time, exclusivamente - tiveram seu auge quando tínhamos Sousa Silva pelo ABC e Santos Neto pelo américa. Silva infelizmente faleceu tragicamente, e Santos virou âncora. O setorista em Natal acabou. Acabou por falta de profissional? Definitivamente não. Acredito e confio muito nos que estão se formando, procurando a imprensa esportiva para trabalhar. O problema é que a imprensa esportiva não é a primeira escolha de um estudante que se forma. Outras áreas parecem ser mais nobres que o esporte. Os intelectuais tradicionais rejeitam o esporte como manifestação cultural que se deva levar a sério. Puro engano. Armando Nogueira e Juca Kfouri são exemplos vivos de que o esporte é o local correto para jornalistas inteligentes, sérios e apaixonados. Ambos trafegam facilmente por qualquer área de conhecimento jornalístico, mas o futebol é escolha do coração para ambos.
Em Natal falta a renovação, falta a seriedade, falta o senso e educação para escutar ou ler críticas como essa e não levar ao lado pessoal.
Em uma cidade onde o futebol cresce a cada ano, em um período brasileiro que não é favorável para times pequenos, é preciso um jornalismo que seja quase um parceiro dos nossos clubes profissionais. Somos um estado privilegiado no esporte. ABC e américa estão na série B. O ABC tem uma estrutura excelente, coisa que não existe em todos os clubes que participam da série A. O RN está ao lado da Bahia, Pernambuco e Ceará nessa hegemonia futebolística da região. Natal é forte candidata a sede da Copa do Mundo. Sobre esse assunto, eu falo com tranquilidade: A Copa será no Brasil = fato. 12 cidades serão sede da Copa = fato. E vc não vai torcer, ou mesmo pensar positivamente para que isso aconteça? Francamente! Faz gol-contra o natalense que não apoia Natal à sede da Copa. Se não for Natal, outra cidade será, ué. Ora pois!
A Saúde, o transporte ou a segurança são um problema? E em qual cidade do Brasil isso não é um problema? O Machadão vai desaparecer? Ele já desapareceu há muito tempo. Já desapareceu quando acabaram com os lugares iniciamente formalizados para as torcidas do ABC, américa e Alecrim. Já desapareceu quando aquela belíssima escultura-estátua de ferro e concreto corroeu e acabou, que tanto me orgulhava de passar pelo antigo Castelão. Já desapareceu com tanta grana que foi posta para reerguer o antigo 'poema de concreto armado'. Vão se gastar milhões ou bilhões com a Copa em Natal? Vão! Mas se não for, esses bilhões estarão em Fortaleza, ou Recife, e o natalense vai ficar chupando dedo.
Gasta-se, ou investem-se milhões em Natal, e a cidade evolui, atrai turistas, a economia se movimenta, empresas lucram. Claro que há roubo, desvio. Mas haverá em outras cidades também, se Natal não for sede. Quando eu vejo um natalense torcendo contra, dá um dó. Imagina um jornalista fazendo isso.
Conheço bem Natal, sou natalense. Conheço bem as demais grandes capitais do Nordeste. Morei em São Paulo. Conheço o Rio, o sul do Brasil. Atualmente moro em Brasília. Viajo pelo Brasil várias vezes por ano. Natal é - em termos de estrutura e organização - uma candidata forte à sede da Copa, sem dúvida. E politicamente não é fraca. Temos Agripino e Garibaldi como expoentes nacionais.
Bom, acabei desviando o foco desse post.
Também não vou só falar mal nessas poucas palavras sobre o jornalismo. A transmissão ao vivo dos jogos do estadual, pelo segundo ano consecutivo, é um avanço. Parabéns à TV União. Parabéns também a jornalistas como Ivana Negrão e Freire Neto. Nova geração potiguar e que mostra que não é só de futebol que vive o amante do esporte em Natal.
Que surjam mais idéias como essas. Que surjam, ou que evoluam os nossos profissionais.
Eu, aqui, sou apenas um metido na internet. O que escrevi, não tem nenhum embasamento científico. Falei o que sinto, o que meu coração sente.
Natal cresce a cada ano. O nosso jornalismo não pode ficar pra trás.